quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Sinto a alma.... cinzenta!
Acinzento o sussurro e começo a chover... Quando acordo assim é impossível maquilhar os olhos, as palavras ou os sentires pois, irremediavelmente tudo que sinto se lava nos pingos prestes a cair em mim. Não...não me sinto triste. Não... não me sinto alegre. Estou difusa e meio confusa, vacilando o humor entre gargalhadas vazias e silêncios sem sentido adivinhadas em excitações e desilusões que se encerram num verbo ainda por criar. Sinto feridas antigas a latejar. Não doem.
Acho que acordei excessivamente delicada, demasiado indefinida e completamente sem sentido. Estou presa nas muralhas de muitos pingos de chuva que ainda não caíram e me deixo desencantar pelo olhar que me mostra as ruas lentas e estreitas onde a atmosfera se remenda de aromas acústicos da terra molhada e da timidez dos palcos vazios que fazem eco dentro de mim. O tempo quebra-se entre os meus dedos e o tic tac do teclado frágil rouba de mim estas palavras alucinadas que por não conseguir pronunciar honestamente escrevo... é-me mais fácil prosear pontos de fuga e por isso hipoteticamente a chuva não me fere. Bebe-me a alma. Lava-me as arestas mal desenhadas do meu corpo. Descortina-me os delírios.
O cinzento combina com os trejeitos de mim, com as minhas esperas e com os fiapos de memória que envergonhados, teimam em confundir-me violentamente os poros da pele húmida. Quando chove tenho medo de confirmar que tenho boa memória.
Foda-se pra isto!
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gente doida